terça-feira, 28 de abril de 2009

E A GAIVOTA VOOU!



Desengane-se quem achou que calaria a minha homenagem ao 25 de Abril. Trinta e cinco anos e 3 dias e são muitas as vozes que se interrogam se valeu ou não a pena. Será possível que alguém tenha dúvidas? Tudo é possível mas nada vale a pena se a alma não é serena. Sereno foi o povo e o vento calou a desgraça e o vento nada me disse mas há sempre uma candeia dentro da própria desgraça, há sempre alguém que semeia canções no vento que passa, há sempre alguém que resiste e há sempre alguém que diz não!
Não poderei dizer quantas foram as vezes que cantei "Uma Gaivota Voava" apesar de não ter idade para entender a sua mensagem. Fora somente uma canção que cantei de voz cheia e viva e livre. Cantei ceifeiras do Alentejo que triste te vejo não chores, sorri e muitas mais canções "vermelhas" que tresandavam a revolução e a Abril. E mesmo sem saber porque o fazia, pude fazê-lo porque a ditadura acabara.
Diria que, passados que são 35 anos, quis saber quem sou e o que faço aqui, quem me abandonou e de quem me esqueci e são tantas as dúvidas, tantos os desenganos e o silêncio, enfim, que depois do amor e depois de nós, nada nos resta senão dizer adeus e ficarmos sós.

19 comentários:

Mofina disse...

Caramba Bli, com esta rendo-me!

Mas achas possível tanta pomba assassinada?

Blimunda disse...

Possível sim, aceitável, nunca!

saphou disse...

Caí de cu, de admiração. Esmagadora, Blimunda! Excelente. Quem escreve assim, é uma Grande Escritora!

Blimunda disse...

Saphou, vindas de si, estas palavras enchem-me de vaidade até à baba. Mas não, uma Grande Escritora é a minha amiga, eu sou apenas alguém que gostava de saber escrever bem.

saphou disse...

Não, Blimunda é que é uma Grande Escritora, insisto. Eu sou uma merdas que tenta escrever umas coisas, às vezes saem-me muito bem, às vezes bem, na maior pare dos casos, assim assim, para não mencionar os flops.

saphou disse...

parte, leia-se

saphou disse...

Mofina é outra Grande Escritora.

Blimunda disse...

Com o seu último comentário, concordo em absoluto.

jg disse...

As meninas delculpem lá a minha intromissão neste cantinho de poetisas e românticas da Liberdade mas, como diz a outra, "Uma máquina de lavar roupa é mais útil do que um poema."

NOTA: O que a Blimunda não vos disse foi o porquê deste fulgor com que entoava os hinos vermelhos.

privada disse...

De facto as 2 estao cada vez melhores, 2 boazonas da escrita. Chuac Chaac para voces, funes não poderá competir com isto, né pia ja foi ultrapassado

privada disse...

E o JG tbm

privada disse...

quando era criança cantava pensando que eram musicas infantis, só mais tarde descobri que o solteirao borrachola do meu tio era comunista.

Mas as que sempre mais gostei foram as do PSD que se ouvia à noite, essas eram porreiras pao povo e liberdade la ra la ra , alias estavam sempre a mandar me calar, só mais tarde descobri as maiorias socialistas.

Ah tbm cantava bem fado.

JG é um invejoso afonico!

Blimunda disse...

Invejoso garanto que é, Privada. Nunca vi coisa igual! Agora afónico, lamento dizer-te que não. Aliás, como bem sabes, quando o homem começa a falar, não há alma que o cale! Nem sob a ameaça de uma seringa virada aos olhos. Arre!!!

jg disse...

Querem ver que é pecado não cantarolar, não ter clubite e não alinhar em multidões?!
É que eu é mais antes pelo contrário.
Não tenho visto grande coisa nas multidões o que é que querem?!
Sou pouco/nada dado a privações.
E para que conste, tb eu, na minha santa inocência (que ainda hoje me caracteriza), vesti a farda da Mocidade Portuguesa.
Um sábado. Ao engano.
Uma vez bastou. Nunca mais lá pus os pés.
Era puto mas não era parvo.
Ajuntamentos sim, mas se fossem com meninas.

António Conceição disse...

Lamento desiludi-la, minha cara Blimunda, mas a sua memória anda a precisar de arranjo. Na verdade, "Ceifeira do Alentejo que triste te vejo não chores, sorri" não era uma canção vermelha. Bem pelo contrário, era uma canção reaccionária de Paco Bandeira que fazia a apologia da guerra colonial.
Veja o poema:
ceifeira do alentejo
que triste te vejo
não chores sorri
com essa Cara tão linda
é tão cedo ainda pra sofreres assim
se acaso pensas no moço que longe se encontra
na terra sem fim
não chores ceifeira linda
que eu tambem lá estive
e hoje canto pra ti
podes ver no rosto não tenho mazelas
ollha no meu corpo que esta livre delas
e na minha alma lindo sonho anda
se eu poder um dia voltar a luanda
se ao longo destes dois anos sofrestes enganos
deixa -os lá dizer
quando a saudade se enfrenta
o amor aumenta e depois é que é
ceifeira bonita ceifeira do campo
não seques o pao com sal do teu pranto

Veja bem, a moça chorava por causa do namorado que andava na guerra em Angola e temia que ele lá morresse.
O Paco Bandeira dizia-lhe que não se preocupasse nem chorasse. Ele também tinha andado na guerra e tinha regressado sem mazelas e o que ele mais queria era voltar a Luanda e usufruir da boa vida da capital angolana, bem servido por pretos.
Se isto é uma canção vermelha...

António Conceição disse...

Nota:
Copiei o poema da ceifeira deste site.
Não reparei que o seu autor tinha trocado "se eu puder um dia voltar a Luanda" por "se eu poder um dia voltar a Luanda".

privada disse...

JG JG andas mt nervoso, mt stressado, va nós ajudamos te a fazeres uma viagem espiritual, o Funes tem o disco riscado

privada disse...

oh fogo tais sempre virados para mim com cenas de trabalho, o Privada monta tudo, não?
Privada ta de greve, no projects, no obras, nada, tamos em crise!

mac disse...

Olha, olha, um renascer!!
Qual 25 de Abril, isto deve ser da Páscoa.