segunda-feira, 17 de maio de 2010

INCOMPATIBILIDADES

É minha convicção pessoal que uma das causas maiores do insucesso escolar e da irregular formação das nossas crianças é a deficiência dos modelos. É sabido que a evolução da civilização tem obrigado progenitores – primeiros responsáveis pela educação e formação das suas crianças – a delegar competências nessa área aos profissionais da educação, vulgo Professores. Esperam deles a capacidade para ensinar aos seus filhos a serem pessoas minimamente bem formadas dentro das normas e costumes socialmente aceites e a aprender a respeitar a integridade física e psíquica de cada ser humano, incluindo a deles próprios.

É notória a banalização com que, ao longo do evoluir dos tempos, se tem lidado com o corpo humano, mormente com o feminino. Já ninguém se escandaliza quando se vêm, a troco de cêntimos, em qualquer folhetim publicitário ou sem o menor dispêndio monetário nas acessibilíssimas páginas cibernéticas ou na televisão, reproduções fotográficas de corpos humanos nus e nas mais arrojadas e despudoradas poses.

Devido à tendencial ostracização ou estigmatização a que as pessoas que se obstem, de modo mais ou menos acentuado, à vulgarização do corpo humano e das relações pessoais e intimas, estão sujeitas é comum testemunharem-se profundas declarações públicas de pseudo aceitabilidade e aprovação das mais reprováveis condutas no que à reserva da intimidade e respeitabilidade pelo corpo de cada um de nós diz respeito.

Não me é cara a aceitação de que as pessoas são efectivamente livres para exercerem sobre o seu próprio corpo qualquer acção, seja ela em prol do seu próprio prazer ou do prazer alheio, desde que não colida com a liberdade e com o prazer das pessoas que, directa ou indirectamente, lhe estão, por força das circunstâncias, aglutinadas.

É do mais elementar saber que educador é aquele que para além de transmitir conhecimentos académicos, transmite com a mesma ou talvez mais veemente facilidade, padrões de comportamentos e valores através da própria conduta, sendo certo que, consciente ou inconscientemente, serão imitados.

Daqui resulta o seguinte: há profissões que são efectivamente incompatíveis. Ou se é vendedora da imagem do seu próprio corpo, vulgo modelo, e/ou do corpo propriamente dito – vulgo prostituta ou se é professora. As duas ao mesmo tempo é que…NÃO OBRIGADA!

28 comentários:

Privada, o bacoco disse...

é a crise Blimunda, noutros tempos onde é que um mulherão daqueles perderia tempo, a ser professora de actividades extra-curriculares?

Anónimo disse...

PROSTTITUTA?
porque pousou nua?
sabes por acaso se não há professoras ou professores que não sejam prostitutas/os, na verdadeira acepção da palavra?

privada disse...

Ora aí está, com um corpão daqueles, estava rica, agora como estamos em crise, pimba aulas extra curriculares, quê 1.50x o ordenado minimo? com aquele corpo? ai k desgraça, este Socrates, levou-nos à ruina.

Blimunda disse...

Marta, eu não chamei prostituta à menina, nem tão pouco modelo. Apenas disse que acho que estas duas profissões são incompatíveis com a de professor. E não, não sei se há professoras ou professores que não sejam prostitutas/os, na verdadeira acepção da palavra. Sei, no entanto que não conheço nenhum/a. Porque se conhecesse e tivesse provas disso não seria professor por muito mais tempo.

Pois é Privada, foi exactamente o comentário que fiz quando ouvi a notícia. Ora, não sei onde está o espanto? Com a porcaria de salário que as Câmaras Municipais pagam aos professores das Aec's ainda se espantam?! Mas pronto, podia ter-lhe dado para ir curar presuntos ou encher alheiras. É evidente que tudo isto foi no registo “privadago – aquele que faz rir cumó o carago”- que à séria a música tem outros acordes.

jama disse...

Concordo inteiramente com a Blimunda. Se já sem verem nada os alunos passam a vida a imaginar coisas, o que é que não imaginarão agora depois de terem vistos as coisas.

Anónimo disse...

jama

imagina-se mais quando não se V~e, do que quando se vê
Qual é o mal de imaginar?

Blimunda não conhecer, não quer dizer que não haja.
Não percebo porque ser modelo é incompatível com ser professor.
Bom ou mau professor é o que deveria interessar

privada disse...

mas pode haver confusão. não sei como é agora. no meu tempo as aulas extracurriculares não implicavam ser professor . Podiam ser ministradas por estudantes. Tipo akeles gajos da keima. Se calhar não é professora. E isso devia ser corrigido.

Blimunda disse...

Imaginam, caro Jama, que o corpo não tem outra serventia senão servir os desmandos do cérebro e que não há mal nenhum nisso.

Ora aí é que está Marta. O que deveria interessar e o que de facto interessa, é ser bom professor. Resta saber se alguém que não tem pudor nem pauta os seus comportamentos pelos valores morais e sociais, e não me venham com modernices porque alguém que se despe para uma revista e faz as poses que vimos a troco de dinheiro é um mercenário de si mesmo e se vende o corpo vende de igual forma a alma. Dizia eu, resta saber se esta pessoa preenche os requisitos de um bom professor. Marta, tento sempre adaptar-me o melhor que posso e sei aos avanços (se não recuos) dos tempos. Evito o excesso de moralismos mas convenhamos e digamos com toda a sinceridade. Gostaríamos de um dia ouvirmos uma filha ou filho dizer: “Mãe, vou despir-me para uma revista e não há mal nenhum nisso porque eles até pagam e a minha professora também o faz.”

Tu tinhas aulas de enriquecimento curricular, Privada ?

Mofina disse...

Mas se a professora desse aulas de EVT, até poderia despoletar grandes talento... Esta a ser discriminada só por dar música.

Blimunda disse...

Música, sim, mas apenas para alguns ouvidos. Também podia leccionar expressão plástico-silícica ou até dramática. Atributos não lhe faltariam.

Anónimo disse...

Que demagogia Blimunda!

para já no meu vocabulário a palavra pudor não existe. Nunca existiu graças...a mim
Ficamos conversadas.

Não sei se sabes, mas já foi tão discutido e falado nos media de há dois anos atrás, mas as meninas de 11, 12, 13, 14, despem-se em frente às webcam para pagarem os telemóveis, por isso como calculas o teu argumento vem atrasado anos e não precisaram dos professores para nada.

depois os professores de hoje em dia são, na sua maioria, tão maus, que não são imagem para nenhum adolescente

sabes o que me lixa? é eu ter 62 anos e tu só uns quarenta
Chiça!

Blimunda disse...

Eu não vejo onde está a demagogia, Marta. Verás tu, com certeza, melhor do que eu e saberias indica-la, caso to pedisse.

Nada a obstar quanto ao facto de no teu vocabulário não existir a palavra “pudor”. No meu existe e posso exemplificar com sinónimos até.

1 - Eu sinto vergonha quando vejo a Mulher, que agitou bandeiras e estandartes em prol de uma igualdade de direitos com os homens, aviltarem-se a níveis de inferioridade e inteiro pundonor, abandonarem-se ao completo desamor-próprio.

2 – Sinto, ainda, um grande constrangimento, quando verifico que pessoas obrigadas a melhores entendimentos pelo grau de inteligência que denotam, acham aceitável que as meninas de 11, 12, 13, 14 anos que se despiram em frente às webcam’s para pagarem os telemóveis e a acharem que não precisaram de professores para isso. Precisaram e tiveram-nos, sejam eles professores licenciados para tal ou não.

3 – Por fim, devo dizer ainda, que é necessária uma avultada dose de impudência para se afirmar que, os professores são, na sua maioria, tão maus que não são imagem para nenhum adolescente e em simultâneo achar que uma professora que vende imagens do seu corpo nu em poses njo mínimo inadequadas para serem visualizadas pelo público em geral e pelos alunos em particular, é perfeitamente capacitada para exercer as suas funções de educadora e formadora.

Não é demagogia, Marta, é chamar os bois pelos nomes. Temos que nos decidir, ou achamos que o que está mal o está e agimos de forma a torná-lo melhor ou continuamos a chover no molhado.

Por último só uma questão: conheces pessoal e profissionalmente a vida de quantos professores?

privada disse...

Por ke usted exclui a hipotese de yo ter dado aulas extracurriculares? Es porke yo soi meio birut? Es mi mala fama? Es porke yo faço nudismo em Leça? He?!

Blimunda disse...

Mau, vamos lá por partes:

1º - Deste ou recebeste?

2º - E o quê, mesmo? Aulas extra curriculares ou de enriquecimento curricular?
Es que una cosa es una cosa e otra cosa es otra cosa, cierto?

privada disse...

Yo penso ke si, k son diferentes, mas tambien no havia extracurricular, solo enriquecimento curricular, ingles, musica, artes, e expressão, eh educacion fisica.

mucho tiempo atras

privada disse...

no mio tiempo enrrequecimento curricular era ver os estrunfes, e levar uns cachaços do Ti Jorge se fizesse migalhas no sofá.

Mofina disse...

no me liembre el otro que tiengo alergias

Mofina disse...

Ensiñaste flecciones Privada?

privada disse...

No, tango, ensinei tango e valsa, já me palpitava ke Socas iria vinir.

Anónimo disse...

Percebeste mal
Não acho aceitável que as miúdas menores se dispam à frente das webcam
Acontece muito mais do que podes supor e não desconverses, porque quando disse que não tinham precisado dos professores, é evidente que me estava a referir ao teu argumento «“Mãe, vou despir-me para uma revista e não há mal nenhum nisso porque eles até pagam e a minha professora também o faz.”»

E este teu argumento é muito demagógico, como se alguma aluna o utilizasse.

para mim, o facto de se posar nua, não é impedimento de para se ser um bom formador
Também não considero que posar nua seja sinónimo de desamor-próprio.

estamos em polos opostos, Blimunda.
Não acho que haja nada de imoral no que aconteceu, nem vejo razões para ela ser afastada como professora, pelo facto de ter posado nua.

Conheço vários professores e professoras, de vários grupos etários, portugueses e espanhois.

Não estou a tentar convercer-te, nem tu me convencerás a mim.
Por isso fico-me por aqui, não gosto de de trocar ideias ou opiniões com insultos à mistura.
Não faz o meu género

mac disse...

Bli, tu estás boa da cabeça??

Como é que podes dizer racionalmente que alguém que se despe para uma revista e faz as poses que vimos a troco de dinheiro é um mercenário de si mesmo e se vende o corpo vende de igual forma a alma???

Tu já pensast... Nopes. Não vou por aqui, desembestava e só dizia disparates, as palavras haviam de se atropelar na asneira.

Ná, tu hoje acordaste mal e pronto, fujam para os passeios. Sei bem o que é isso, minha amiga.

Blimunda disse...

Marta, reli o meu comentário na procura dos alegados e presumidos insultos. Creio que os detectei. Quero que saibas, reservando-te o direito de acreditares ou não, que a última coisa que eu queria era insultar-te ou ofender-te. No entanto, peço-te que me desculpes pelo sentimento que te causei. A verdade é que acho que és uma mulher inteligente e admiro a liberdade que demonstras ter. Não pretendendo convencer-te de coisa nenhuma, gostaria de dizer ainda que vai uma diferênça abismal entre liberdade e libertinagem. E é aí que reside o grande problema da nossa cultura. Não apontarei mais exemplos nem motivos para justificar a minha posição sobre este assunto, aliás nem me apetece trilhar mais estes caminhos. Tenho mais com que me preocupar.

Mac, tens razão. É claro o excesso da generalização.

Anónimo disse...

Não precisas de pedir desculpa
Sei que nestes assuntos, o calor da discussão faz sair as palavras

beijinho

Anónimo disse...

Blimunda

Como não tenho a certeza que vás ao meu blog ler, espero que, o último comentário deixo-te aqui

Não tenho filhas, mas tenho netas

Se me perguntares se gostaria de ter uma filha ou neta que posasse nua para uma revista, respondo-te de imediato que não
mas também não gostava de ter um filho ou um neto futebolista
e para mim, em termos de moral são exctamente iguais.
Moralmente não tenho nada contra alguém que pose nu, homem, mulher ou quem dera

Expliquei-me?

beijinho

Blimunda disse...

Já todos percebemos que esta discussão é tempo perdido.

Marta, concordas comigo que os professores são, para além de complementos, suplementos dos pais na educação das crianças, certo?

Agora, responde-me com sinceridade se quiseres, obviamente, senão não tem qualquer importância.

Venderias, sem qualquer tipo de problema de consciência, sessões fotográficas do teu próprio corpo nu em posições eróticas, sabendo que os teus filhos iriam vê-las e que os amigos dos teus filhos iriam comentá-las, e que os pais dos amigos dos teus filhos iriam usá-las na casa de banho para se masturbarem chamando-te os nomes mais ordinários e que os teus filhos saberiam, mais cedo ou mais tarde, que a imagem da mãe teria sido usada para esses fins? Achas que terias, ainda assim, autoridade moral (agora sim) para dizeres aos teus filhos que é errado coisificar e banalizar o corpo humano. Sexo não é errado, um corpo nu não é errado. Errados são os meios e os fins para o qual é usado.

Quanto à última questão relativamente aos miúdos não andarem apenas com a foto da professora na mochila e nos telemóveis, a diferênça é que as outras possíveis fotos não são de quem tem obrigação de o ensinar a ser uma pessoa melhor. Do mesmo modo que um filho não trás a mãe nua no telemóvel não tem que trazer a professora. É por causa destas libertinagens que o ensino está como está.

mac disse...

Desculpa, Bli. A sério. Mas estou a sentir-me marciana.

Não se pode ir de biquini para a praia porque o Zézito ou o pai dele se vai masturbar com a foto que tirou às escondidas? Ou o problema é que algumas vezes não precisa de tirar fotos às escondidas?

Porque o Zézito, ou o pai, ou a mãe, desculpa lá, vai-se masturbar na mesma. É normal e não percebo porque é que há problemas na foto com que ele o faz.

E olha: sou velha e feia mas se fosse jovem e bonita e alguma vez alguém usasse uma foto minha para se masturbar isso nunca afectaria a minha autoridade moral para o que quer que fosse: o uso não é minha responsabilidade, é da responsabilidade de quem usa.

Desculpa mas estou completamente fartinha da teoria de que a responsabilidade é alheia, porque não é. Não há mal nenhum em posar nua, professsora ou não - não faz mal a ninguém.

Se há crianças a quem faz mal ver a professora nua, o mal não é da professora, é dos pais e dela própria.

Mas sinceramente, duvido desse mal. Toda a vida - muito antes de haver sequer fotografia - as crianças se masturbaram, de preferência com alguém que conhecem - é um fenómeno natural.

Blimunda disse...

Estou cansada, Mac. Desculpa. Tenho a certeza de que nem tu nem a Marta precisam que eu vos desmonte a charada. Ainda assim não me recordo de alguma vez ter dito que o nu explícito e o sexo implícito estão errados. Bolas!

Hugolina disse...

Blimunda, na vida nunca se pode agradar a Gregos e a Troianos e há-de haver sempre divergências. Pode não ser o melhor exemplo, mas já o Herman dizia "As opiniões são como as vaginas..." :)