quinta-feira, 22 de abril de 2010

SEMPRE MESTRE

Apesar de o ser humano ser egoísta por natureza é, de igual monta, o mais dependente dos seus pares. Só se realiza em sociedade.

Não têm sido poucas as vezes em que o Mestre manifesta desprezo pelas eventuais avaliações que de si possam fazer os outros. Ora, no meu humilde a roçar o orgulhoso entendimento, esta é uma forma falaciosa de contornar a desprezível dependência que todos nós sentimos da avaliação alheia.
Recordo um outro post seu (quem somos nós sem esse pilar de sabedoria que nos alenta o caminho?) nascido, do mesmo modo, da atribuição de um qualquer prémio, em que desfere duros ataques aos seus comentadores, atestando a sua total indiferença e desprezo pelo que pensam os outros da sua escrita. Na altura discordei, alegando que a sua escrita só existe porque alguém a lê e a comenta, caso contrário não existe, é nula. Fazendo os devidos paralelismos, entendo que a auto-suficiência da sua auto-avaliação é fraudulenta já que a segunda não é válida senão por oposição ao conceito geral da avaliação pública e exógena. No momento em que o Mestre radicaliza a máxima sofista de que o homem é a medida de todas as coisas, reclamando-a si mesmo, entra em total contradição com a natureza humana e, por conseguinte, consigo próprio. Em que códigos se procuram os valores para a avaliação, seja ela endógena ou exógena? Avaliamo-nos sempre por comparação, seja connosco mesmos seja com os outros. O sucesso ou insucesso é determinado por uma tabela de valores que nos foi imposta extrinsecamente e que se aplica e regulamenta os nossos comportamentos da mesma forma que se aplica e regulamenta os dos outros. Para ajuizarmos sobre determinado valor pessoal, fazemo-lo transpondo esse valor para o outro e calculando o que o outro ajuizaria sobre o mesmo valor. A auto-estima nasce da consciência que temos das nossas potencialidades por oposição ao conceito geral que nos é incutido pelos outros, através de avaliações e comparações externas. Ora, assim sendo, não vejo como se conseguir o radical corte com o julgamento alheio. Se nos auto-julgamos por tabelas de juízos que nos são impostas pelo exterior, entendo ser completamente descabida de sentido a pretensão de se ser único juiz em causa própria e achar que só esse julgamento será válido, verdadeiro e justo.

Na generalidade partilho da posição do Mestre sobre o poder do julgamento dos outros sobre mim própria. Não vivo por ele nem para ele. No entanto, e lamento profundamente que assim seja, tenho que admitir que não possuo o fardo das divinas omnipotência, omnisciência e omnipresença sobre os ombros. Sou simplesmente humana. Confesso que não encontro qualquer ligação entre os temas debatidos, tanto nos posts referidos do Mestre como neste próprio post, com o conceito que tenho sobre os sentimentos de orgulho e de humildade.

31 comentários:

privada disse...

Ja eu fico mt contente pk no post referido, me tratas-te por mais ke tudo. Ensaca JG!

Anónimo disse...

Gostaria de saber, pura curiosidade, quais são os teus conceitos de orgulho e humildade, por talvez os meus conceitos sobre este assunto nada tenham a ver com os teus.

Sei que há muitas pessoas que não gostam de mim, outras que me acham de um orgulho desmedido e outras, poucas, que gostam.
Borrifo completamente. Não me desvio do que acho que devo ser ou fazer, mesmo que os que gostam de mim, deixem de gostar.
Claro que os padrões foram dados por outros, mas também os alterei, segui alguns que eram 'mal vistos', não quis nem quero saber.

Quanto à escrita, não estou de acordo contigo.
A escrita existe mesmo que ninguém a leia.
Existe porque ficou escrito. Se há leitores ou não é indiferente.
Quem escreve um livro não sabe se alguma vez será editado, se alguém o lerá, nem sequer a família, mas escreve-o na mesma.


Nunca senti que o Funes tivesse desferido ataques contra os comentadores, nem acho que seja desprezo o que sente sobre as avaliações.
Não lhe dizem nada, o que é diferente.
Acha graça a algumas, mas borrifa sejam para o louvar ou para o criticar.
Foi isto que entendi dos posts que falaste.

Este teu post dava um outro para te responder como devia ser, ou seja, pegando no todo e não em bocaditos, como acabei de o fazer.

Anónimo disse...

Esqueci-me de te dizer que são posts como este que fazem a boa blogosfera.
Obrigado por ele, fizeste-me pensar o que é sempre bom.

Gostaria que o Funes te respondesse, porque o fará muito melhor do que eu.
Se ele não o fizer, eu fá-lo-ei, em post

Blimunda disse...

Mas Marta, não está em causa o comportamento individual de cada um nem tão pouco a subjugação ou não a valores e conceitos sociais. Isso é uma história completamente diferente. O que eu quis dizer é que é impossível distanciarmo-nos desses conceitos ao ponto de acharmos que somos auto-suficiente e auto-geradores do nosso próprio julgamento. É mentira. Julgamo-nos segundo aquilo que os julgamos que os outros julgariam.

Insisto. A escrita só existe porque alguém a lê, nem que seja o próprio. Basta que te recordes dos elementos indispensáveis à comunicação: emissor, mensagem, receptor e canal.

Eu também sei que não é desprezo o que ele sente sobre as avaliações que os comentadores fazem da sua escrita. Ele é que não sabe. Ora Marta, acho que apesar de o conheceres há mais tempo do que eu não lhe conheces as manhas.

Quanto aos conceitos de orgulho e humildade, não te rales muito com isso. São apenas conceitos e têm a ver com os teus seguramente. Têm a ver com os de toda a gente. Aculturei-os na mesma sociedade em que aculturaste os teus. Reforço, no entanto, que não compreendo o sentimento de orgulho ou humildade por se ser mulher ou homem, português ou chinês, preto ou caucasiano. Enfim, tal como já disse orgulho sente-se quando se fica a um metro da meta nas olimpíadas e se desiste porque se quer. Humildade quando, apesar de todos os esforços não se consegue galgar os mínimos no salto em altura.

Blimunda disse...

Quem disse que orgulho sente-se quando se fica a um metro da meta nas olimpíadas e se desiste porque se quer não fui eu mas sim o Metre. Eu disse, mais propriamente, que era quando se expunha um bom quadro ou se escrevia um bom livro. É evidente que para isso é necessária a avaliação alheia, senão nem o quadro nem o livro saem do cavalete nem da gaveta lá de casa.

Anónimo disse...

Tens razão quanto ao orgulho/humildade, mas tenho ouvido cada coisa sobre eles...
risos

«Julgamo-nos segundo aquilo que os julgamos que os outros julgariam»
Aceito, mas de todo o modo fazemos/vivemos, como achamos e não como pensamos que os outros julgam.

O tempo não é chamado para o conhecimento de uma pessoa. Conheço-lhe algumas manhas, poucas e nem quero conhecer mais. Quero poder continuar apaixonada por ele
sorriso divertido
Mas estás enganada. Ele sabe perfeitamente que não é desprezo

Anónimo disse...

Nunca contestei essa coisa de se ter orgulho em ser mulher
Ridículo!
Nunca foi sobre isso que escrevi, mas sim sobre a auto-estima versus orgulho

Anónimo disse...

Não minha querida
Um bom livro/quadro pode continuar a ser um bom livro/quadro sem nunca ter saído de casa.
Acho que sobre isto não abro mão.
Há modas que valem mais que a qualidade.
Existem tempos e alguns vêem mais longe e não são apreciados e depois, mais tarde, vem o reconhecimento
Ficaram em casa, mas eram bons.

privada disse...

Blimunda deves estar orgulhosa do teu post, porque tu és o teu proprio "Deus" e portanto não há nada que não dependa, se não de ti. O unico leitor capaz de te dar auto-estima porque leu o teu post, é Deus e isso és tu. Todas as outras comparações que faças, estão abaixo do teu nivel, porque tu es o teu proprio Deus, és responsavel pelos teus actos e pelas consequencias totais dos mesmos, os outros , todos, tem pouco a ver com isso. Tu és Deus e só nessa escala te podes colocar.
És a razão em si. Não precisas de mais nada porke o juizo dos outros, é sempre a compreensão k podes ter deles, és tu novamente a decidir.

Devias fazer uma cena destas em horario pos laboral

Mofina disse...

Hoje estou um pouco por fora deste profundo debate filosófico. Só deixo uma pequeníssima dica: O Funes, quando por vezes se eleva, fá-lo com toda a humildade. Ele é um tímido.

Chiuuuu, é segredo.

privada disse...

O que aqui está em causa é se a auto-estima, e o orgulho dependem ou não de juizos de valor, ou reconhecimentos exteriores ao autor do acto. Nessa mesma logica, aborta-se o projecto, quando achamos necessario defender Funes, se os juizos externos não contam,. são dispensaveis, passemos ao sumo Red Bull com Vodka faz favor, no meu copo do costume , Blimunda

privada disse...

Por exemplo Blimunda, se tivessemos a capacidade de calcular valores e acções, com base no ke pensamos que os outros pensam, não batiamos nos stop, e nos cruzamentos.
Se soubermos o k pensamos já é bom, calcular o ke pensam os outros é marketing. Viste o utlimo da sumol.
Um dia vais pensar que sair à noite é levar o lixo ao contentor :-)))))))))

Anónimo disse...

Privada
eu não estou a defender o Funes.
Estou só a dizer o que penso do Funes, nada mais.

Blimunda disse...

Privada, mal que te pergunte aderiste à Iurd ou isso é tudo efeito do red bull com Vodka?

Marta, nada a contrapor quanto à do bom livro/quadro sem sair de casa. No entanto, é preciso que se defina quem é que avalia, ou sob que parâmetros é avaliado o livro/quadro como bom ao ponto de nos sentirmos orgulhosos de o ter conseguido.

Mofina, não me parece que timidez tenha alguma coisa a ver com humildade.

privada disse...

É a Mofina " quando às vezes se eleva fa-lo com toda a humildade" bahhhhhhh :-)))))

Oh Blimunda pá, isso é se o quadro/livro for para vender, e o orgulho nao se vende. Desisto. Volta a encher-me o copo p. favor.
Essa do fa-lo com humildade :)))))))))

privada disse...

Se o orgulho dependesse dos outros, e evitando o assunto Socrates, só teria valor se os outros soubessem que estás orgulhosa.

De certeza k nao te estás a explicar bem, já a Mofina entendi e ainda nao parei de rir

privada disse...

Proponho o seguinte, todos nós elogiemos exaustivamente o post, de forma a que a Blimunda se sinta orgulhosa, ou tenha o desplante de dizer que a nossa opinião para ela não conta. Bute

Mofina disse...

Para rir e dar gargalhadas, privada, não me digas nada porque eu nem sei o que dizer...

jg disse...

Privada,
Ai tu és dos que se babam quando se referem a ti como mais ke tudo?!

Eu passo-me. Funciono em contraciclo, pá.

Só tenho a certeza que o meu trabalho está perfeito quando não o percebem.
Perceber-me e perceberem o que faço, reduzir-me-ia à categoria de básico.

Nem eu me lanço nessa pepineira de dizer "Muito bem", "Magnífico". Embora deva este comportamento ao facto de não encontrar quem me surpreenda. Leia-se, quem faça melhor do que eu.
Piropos, enquado-os na secção de folclore local.

Blimunda disse...

A jeito de peroração gostaria de dizer-vos que estou um tanto, senão tudo, tendente para a Teoria do Determinismo. O livre-arbítrio é uma doutrina muito aconchegante e libertadora mas tenho sérias dúvidas acerca da sua consistência.

Minnie disse...

Ai Jesus, tanta filosofia! Estou com a cabeça à roda!! Já nem consigo ler...
Numa comunicação falta o contexto, esqueceste-te, Blimunda.
O Funes deve estar tão inchado que nem responde. Onde anda ele?

Blimunda disse...

Viva Minnie, deu-nos para isto, o que é que queres?! Pois, mas o contexto está implícito na mensagem, não?!

O Funes não incha com minudências deste calibre. O pensamento/julgamento alheio é-lhe completamente indiferente. Diz ele.

António Conceição disse...

Calma. Cheguei agora. O número 263/10.4TYVNG explica a razão de não ter vindo cá antes.
Agora não comento, à espera que a minha querida Marta faça o post dela. Depois comento todos.

mac disse...

Caramba, Bli, não comento.

Talvez daqui por uma semana, depois de digerido, rido, zangado, analisado, sintetizado e racionalizado.

Se calhar não me chega uma semana, desculpa, ando com a cabeça no ar, ultimamente.

Anónimo disse...

Isso não vale!
o post é para o Funes

Blimunda disse...

Claro que sim. Mas só depois teremos a honra da leitura dos seus comentários. O guloso! E diz ele que é indiferente ao que dele dizem. Viste?

Anónimo disse...

Quarta-feira Blimunda
Hoje tenho pouco tempo e não tenho a vossa clareza de raciocínio.
A resposta será essencialmente sobre o Funes, já que é dele que se trata.

mac disse...

jg, a minha alma está parva.

redonda disse...

Só cheguei agora pelo link no blog do Funes. Achei muito bem escrito o texto e agora vou ler o outro link.

saphou disse...

Blimunda, estás com TPM?

mac disse...

Porque é que foste ao sótão, Bli?