quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

AUTOFÁGICO

Autofágico
devoro-me
a mim mesmo
por indecifrar-me.

Esfinge enigmática
caminho, líquido,
por entre musgos e corais
por entre nervos de ferro
e levezas de nuvens
e o peso das tempestades
que desabam.
Desaguo
mudos muitos medos
ancestrais.

Esfinge muda
mudo-me
a cada instante
em elementos outros:
não sou perene
e nem persisto:
existo
e teimo
em qualquer pessoa
minha indignação:

autofágico,
devoro-me
devoto-me
arvoro-me
em deus
pagão
penetrando
no olho de Hórus
e no vértice dos ciclones
ciclamens azuis.

Persigo-me
persigno-me
prossigo
como Parsifal
na busca do cálice:
ápice
do ser.

Desviado daqui.

12 comentários:

Mofina disse...

Ui, tudo isso é fome?

Blimunda disse...

...tudo isto é triste, tudo isto é fado.

jg disse...

Poeta era o Camões e agora é-o Alegre, proto-candidato a PR.

Autofágico, delatora, autofágico é o cabrão do Estado que se devora a si próprio até não restar mais do que pedra no Marão.

Olha agora poemas... antes uma máquina de lavar!!!

privada disse...

Era uma vez 3 dinossauros, caçavam juntos todos os animais do bosque , e cada vez comiam mais e mais animais pequenos.
Ate que os animais pequenos desapareceram e os dinossauros começaram a experimentar a fome, cegos por alimento e sem hipótese para adquiri-lo. Um ainda vomitou uma garçazita, mas ela coitada já nem tinha força para fugir, e voltaram a come-la.

Os dinossauros estavam cada vez mais esfomeados, embora fossem os maiores animais do bosque e os únicos grandes, o seu único problema era alimentarem-se dos pequenos, coisa em que nunca tinham pensado.

Andavam desesperados, pareciam os Dalton em escadinha, o mais alto comia mais e o mais pequeno comia cada vez menos, até que com o sol, o pequenote caiu para o chão. O Dinossauro maior dava-lhe pequenos abanões de incentivo - levanta-te, levanta-te – dizia.
Quando o outro deixou de responder, o dinossauro grande comeu-o e assim o Dinossauro maior teve alimento para mais uma porrada de dias.
Mas depois tinha outra vez fome, e tentou arrancar a sua própria pata, ainda deu umas ferradelas. E foi aí que vieram as formigas, as baratas, as minhocas, as larvas e entraram no dinossauro e prontos, foi uma revolução e nunca mais se viram dinossauros.

privada disse...

O Exercito do Estado seriam os dinossauros, contam-se 7 milhoes, não é verdade, grande comunidade a viver do beneficio da divisão, do socialismo e do trauma do pai alcoolico, transposto para o pai Estado, rico e omnipresente.

Espero ek agora os funcionarios publicos se ponham do lado dos medicos, professores, empresarios, que ja passaram por isso, a menos claro está, que agora esses resolvam dizer que é bem feito para os funcionarios publicos por causa daquelas morais à botas.

Blimunda disse...

Oh Laurindinha, vem à janela.
Oh Laurindinha, vem à janela.
Ver o teu amor, ai ai ai que ele vai p'ra guerra.
Ver o teu amor, ai ai ai que ele vai p´ra guerra.

Blimunda disse...

Era e não era
Andava lavrando,
Chegou uma notícia
Que seu pai era D. Fernando.

Sentado de pé,
num banco de pau,
feito de pedra
Um jovem ancião
Bondoso e mau

A ler um jornal sem letras,
À luz de uma vela apagada,
Calado apregoava:
"A terra é uma bola quadrada"

E o pobre do Fernando,
lesto como o caracol,
sobe parede abaixo,
no seu jeito mole.

Bateu-lhe desafortunada a fortuna
e bem-afortunado o azar,
Antes do nascimento,
Sempre depois e nunca mais

Tinha o pai pra nascer
E a mãe pra morrer.
Que havia o moço de fazer?
Deitou os bois ás costas,
Pôs o arado a correr.

Quis saltar o valado,
Saltou um arado.
Se não era cão
Mordia-lhe um cajado.

Entrou numa horta,
Viu um pessegueiro
Carregado de maçãs,
Avelãs e fruta madura.

Veio de lá o dono dos pepinos:
- Ó ladrão dos meus marmelos!
Quem te mandou a tii andar a roubar as cerejas
Que tinha guardado
Prós meus meninos?

Agarrou num melão,
Atirou-lhe com um pepino

Acertou-lhe num artelho,
Fez-lhe sangue num joelho

Luís Maia disse...

Estava eu lançado e porque não dizê-lo até empolgado com a leitura d o 1 comentário do brilhante privada, porque me cheirava a revolução popular, das formiguinhas a comerem o dinossauro, quando aquele malfadado comentário seguinte, me revela que afinal o grande dinossauro destruidor são os funcionários público, professores e equiparados.

resta-me o consolo de imaginar as formiguinas fardadas de BES, BPN ou BCP a paparem o pessoal

Blimunda disse...

Ora, isto é o que dá a malta querer fugir ao tema e copiar um poema com um título destes. Mas porque carga de águas esta gente não levou a coisa para o sexo? Sou forçada a admitir que a malta de tão obcecada já nem pensa no "mais do mesmo" Agora o "mais do mesmo" é o Estado e seus mandos e desmandos.

JG, autofágico é aquilo que bem entendermos e se vamos por aí, é cada indivíduo que constitui qualquer Estado, seja ele dito "democrático".

Privada, filho, partes-me toda, pá.

Então dizes tu Espero ek agora os funcionarios publicos se ponham do lado dos medicos, professores,...?! Raismaparta se t'entendo. Estás a falar de uma nova espécie de funcionalismo público? Serão esses médicos e esses professores a que te referes trabalhadores dos hospitais e estabelecimentos de ensino privados? Qual é, então, o lado deles ao qual os “outros” a quem chamas funcionários públicos se devem colar?

Luis, este nosso brilhante Privada tem um gosto especial pelo travestismo – ora perfeito trabalhador travestido de patrão, ora perfeito patrão travestido de trabalhador. Que havemos de fazer? Ele é assim. Outros há que nem assim são.

saphou disse...

O "Senhor das Moscas" tb se aconselha.

saphou disse...

É mais heterofágico, mas deslumbrante.

jg disse...

Eu é mais bolos...