Apetecia-me comer uma viola
Daquelas que se punham na árvore de Natal,
Recordar o tempo em que a minha avó
Cobria o chão com palha limpa
E tudo cheirava a fantasia....
Os serões punham sombra na parede,
O fogo ardia ao ritmo das palavras
E eu acreditava nas histórias de assustar
(tinha a certeza que debaixo das camas
viviam bichos que gostavam de pés de crianças....
por isso era bom dormir com a luz acesa!).
Gostava do cheiro do alecrim
Nas horas de trovoada,
Santa Bárbara sempre esquecida!
Apetecia-me esse sabor puro das manhãs
Quando o leite e o café
Eram aquecidos ao borralho.
Os dias acordavam assim,
Com essa infância aberta para a claridade,
A relva aparecia coberta por geada transparente
E era bom deitar fumo pela boca!
O tanque enchia-se de navios de sabão
E era bom andar de carapuço
Embrulhada em xailes de lã,
Ter as mãos frias
E a esperança doce das maçãs!
3 comentários:
Nostalgia do tempo passado sem volta, isso sim, tenho muita. Das dores nas mãos geladas sem luvas, dos pés molhados pelo buraco da sola sem reparação, das violas e guarda-chuvas de chocolate como unica prenda do pai natal, da incomplacente Santa Bárbara, dos inocentes medos de criança, não Mofina, não sinto falta.
No entanto, apetecia-me ter uma máquina do tempo, para voltar a provar, ainda que por momentos, todas as sensações que vivi ao ler esta tua Idade do Frio. Brilhante, como só tua!
Notável. Também tenho essa nostalgia. Bjs às duas.
Enviar um comentário