Nada tenho contra a alegria alheia. Alegra-me saber que é possível a alegria. Alegra-me saber que existem indivíduos que movidos por um entusiasmo individual ou colectivo conseguem subtrair a um estado ecuménico de letargia e morbidez, momentos de prazer e euforia, ainda que, em meu parco entendimento, não sejam esses momentos senão ensaios febris de simples simulacros de felicidade. Enganemo-nos se para alívio das dores o engano seja necessário. Defraudemo-nos com pseudo-vitórias, já que vitórias não serão jamais senão a superação dos limites e fraquezas individuais ou colectivos. Acaso, poder-se-á falar de vitória comemorável quando o trilho percorrido é uma fraude? Sentir-se-ão, efectivamente, vitoriosos aqueles que se enganam a si próprios e aos outros erguendo troféus ganhos à mercê de driblações com a justeza da honestidade e da firmeza de carácter. Não quero questionar a autenticidade da alegria dos que a sentem. Se deveras é sentida o usufruto é de quem sente. Não posso é conceber a alegria nascida do aparente, ilusório e banal, da negligência ou da secundarização do que deveria ser fulcral e essencial. É bem verdade que os conceitos diferem e o que para mim é essencial para o meu vizinho pode perfeitamente ser banal, no entanto, recuso-me a acreditar em vitórias travestidas. Não quero acreditar num povo que hoje reclama alguns desperdícios, e bem, de recursos financeiros por parte da nossa classe política, no entanto aceita, em constante ovação, honrando entusiástica e clamorosamente, gastos de milhões de euros em escoltas e protecção de grupos que integram comitivas futebolísticas e que pelas suas condutas, acumulam todos os requisitos necessários para se classificarem ao nível de qualquer criminoso. Toda a gente tem direito aos seus delírios e cambalhotas pseudoculturais, não tem é o direito de me obrigar a pagar por eles.
6 comentários:
Ai pagas, pagas... E sem refilar.
Só concordo na parte respeitante aos recursos materiais (combustíveis, desgaste de viaturas, portagens, etc.), porquanto, no que concerne aos recursos humanos, os mesmos seriam gastos de qualquer forma, a não ser que para terem feito essa segurança tivessem recorrido a trabalho suplementar.
Tás profunda
chiça
Comungo a 100% desse seu pó às claques futeboleiras e fico verde de raiva quando penso que aquela balda é também paga com os meus impostos.
100anos
nice
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