quarta-feira, 3 de março de 2010

BULLYING

Passo os olhos pela página online do Expresso.
-Ministros reúnem no Sábado para aprovar o PEC
-Moura Guedes e Balsemão vão ao Parlamento.
-5200 Pessoas posam nuas numa Ópera de Sydney.
-Oposição quer esclarecimentos de Mário Lino sobre uma qualquer calhandrice.
-Já é possível emprestar uns trocos no Facebook.

Do que procuro nada encontro.
Procuro na do JN
-Secretário-Geral da UGT, João Proença, faz greve em Moçambique
-Dois trabalhadores acamparam no alto de uma grua. A 40 metros do solo, protestam contra a falta de pagamento. A “manif” tem mais de mil seguidores no Facebook.
-O portista Rolando rende Ricardo Carvalho, dado como inapto, no "onze" da selecção para o encontro particular de hoje, quarta-feira, com a China, em Coimbra.
-Uma imagem de videovigilância na Nova Zelândia com uma menina parecida com Madeleine McCann foi hoje, quarta-feira, publicada por vários jornais britânicos…

Procuro a confirmação do que me vieram contar depois de almoço porque não vi as notícias. Nada.
Abro a página da Lusa :
-Foi aberto um processo de averiguações ao caso da criança desaparecida no rio Tua para apurar o que poderá ter ocorrido no recinto da escola antes do sucedido.
Não consigo ler mais do que isto. Pelos vistos, a notícia não vende jornais. Venderá se a família chorar muito e fizer grande alarido à porta da escola. Se fizer greve de fome, ameaçar colocar uma bomba no Ministério da Educação que estimula este tipo de crime, permitindo que ele aconteça. Ao que parece a criança era vitima de uma coisa com o pomposo nome de “bullying”. Para mim tem outra cara – violência dos fortes sobre os fracos. Alegadamente já tinha estado hospitalizado em consequência de episódios de violência. Nos dias que se seguem, o Ministério da Educação abrirá um inquérito mas aquela vida perdida não se encontrará nas páginas desse inquérito. Nem os pais, nem os irmãos encontrarão conforto no que lá se apurar. É antes do facto consumado que temos que abrir e fechar inquéritos. Está na mão de cada um de nós e nós, que temos mãos, nada fazemos. Ou talvez façamos – empurramo-los para a berma desse rio maldito que os espera. Mas amanhã estará tudo bem, porque é dia de catequese e missa e lavaremos a alma e pecados e cuidaremos dos filhos que são nossos e esqueceremos os dos outros.

6 comentários:

mac disse...

A violência sempre fez parte do homem, é sabido. O que me custa é que agora é aceite como coisa natural contra a qual não vale a pena (nem se deve, tão natural que é) combater.

Ou então, sou eu que estou a envelhecer e a embelezar os "bons velhos tempos".

jg disse...

O azar do miúdo, ao que parece, é ser filho de um zé-ninguém.
Para a notícia e o caso ter andamento, teria que ser filho de alguém mediaticamente conhecido, ou ser cigano, preto ou drógado.
Só estas minorias é que se safam.

privada disse...

http://www.publico.pt/Educa%C3%A7%C3%A3o/menino-que-se-lancou-ao-rio-tua-era-ha-algum-tempo-agredido-verbal-e-fisicamente_1425434

Peskisas por menino, escola, tua, aparecem inumeras, muito triste, nao consigo ver uma criança suicidar-se

Mofina disse...

Um caso que devia abalar os alicerçares das nossas cabecitas entediadas.

Fora isso, tb é preocupante que hoje em dias as crianças não desenvolvam mecanismos psicológicos de auto-defesa.

Provavelmente os adultos interferem de mais. Noutros tempos, os garotos ajustavam muito bem as contas uns com os outros. Os brutos acalmavam e frágeis robusteciam. Não havia outro remédio!

Privada, o bacoco disse...

ou de menos os agressores com certeza ke necessitam de apoio psicologico e integração há muito tempo

saphou disse...

Chocada ao ouvir a notícia ontem. Continuo chocada para sempre, enquanto a memória perdurar. Infelizmente, já passei pela situação de um amigo, irmão caçula de amigas minhas, se suicidar com 12 anos, do 10º andar, mesmo ali, no prédio ao lado. Vivi de perto a dor de toda a família. E indizível.