terça-feira, 3 de novembro de 2009

REBUÇADOS DE MEL

A morte é uma coisa que faz muito mal à saúde
Nada faz pior à saúde do que a morte

Quando ela ataca não há injecções nem xaropes

Que eliminem os seus efeitos secundários

As pessoas vivas desistem das pessoas que morrem

Deixam de as alimentar e de lhes dar vitaminas

De lhes passar cremes hidratantes na pele

Em vez disso enterram-nas de uma maneira profunda

Como se não houvesse nenhuma forma de as fazer acordar


Para mim, o método mais eficaz para não morrer

É manter os pés e as mãos sempre quentes

Os rebuçados da tosse, como fazem bem a tudo,

Também devem ser bons para evitar a morte


Na nossa mesinha de cabeceira deve existir

Um papagaio verde que esteja sempre a falar

E que saiba de cor todos os versos de Shakespeare

Isso sim, é uma atitude sensata

Mas a vida é uma coisa complicada

Porque está constantemente a avariar

Umas vezes é a corrente eléctrica que falha

Outras é a paisagem dos vales e dos rios que é cortada


De qualquer modo é preciso continuar a respirar

Mesmo que a luz se apague

E nos coloquem à cabeça

Uma pesada jarra de flores


2005

6 comentários:

Blimunda disse...

Mofina, dá-me a tua camisola pá, e um rebuçado de mel.

teresa g. disse...

Também podes fazer uma fanfarronice e olhá-la nos olhos. O que acontecerá?

privada disse...

Ei Mof supremo, vamos ter ke reunir para por em dia estas filosofias, supremo Mofina, supremo

mac disse...

Mofina, sinceramente, tirou-me as palavras da boca!

jg disse...

A mim, até os cremes calmantes me irritam.

Mofina disse...

Bli: a minha camisola fica-te pangalona.

Tê: Olhá-la nos olhos? Ainda ficava hipnotizada, credo.

Privado: Vamos todos recorrer prò Supremo e já!

Mac: Não fique sem palavras, sff.

jg: Eu sei.