São, neste preciso momento, 0:38 do dia 28 de Agosto de 2009. Milhares de professores estão com os olhos pregados no site do Ministerio da Educação aguardando em desespero serem informados das suas sortes para o próximo ano lectivo. Muitos ficarão no desemprego e amargurarão a dor de não puderem continuar a pagar a prestação da casa e de se verem na obrigação de a entregar ao banco. Outros, outras dores terão. Serão os filhos a ficar para trás entregues aos cuidados sabe-se lá de quem. Logo se vê. E pegarão no carro e nas bugigangas e partirão à procura de mais uma terra desconhecida, longínqua. A corrida contra o tempo já começou. Há que arranjar alojamento, pagar fortunas por um quarto miserável com direito ao uso do fogão e do frigorífico e nem vale a pena pensar que este ano talvez o proprietário seja um contribuinte honesto e vos passe recibo de renda de casa. E, meu povo, cabeça erguida e sempre em frente que atrás vem gente.
21 comentários:
Cabeça erguida. E é muito.
Nao interessa kem vem atras, importante eh levar aluanos pra frente
Os professores desempregados têm direito a um bom subsídio, não é?
Acho ke não, mas podem fazer outras coisas, um professor é sempre um professor, mesmo quando não recebe. Ah o sonho global de ter professores que amem o que fazem, independentemente do sistema, professores que a toda a hora estudam mais e mais, e ouvem os pupilos, e debatem, suficientemente evoluidos para não centrarem o ensino nas suas exclusivas necessidades. Professores, mestres, orgulhosos do excelente trabalho que fizeram com as gerações, professores empenhados em criar deuses da sabedoria...
Pronto eu calo-me.
Blimunda, não postas lá em casa?
Ai Saphou, as férias não me dão tréguas, pá. Nem tempo tenho para me coçar.
É por estas, e POR MUITAS OUTRAS, que cada vez mais professores procuram outro trabalho, mesmo que à partida se sentissem com vocação para o ensino.
Professores como os que idealiza "Privada, o bacoco" (não sei se é o mesmo que o outro "Privada"), que ultrapassam todas as contingências do sistema e outras mais, não poderiam ser recrutados entre os seres humanos, teriam que ser super-homens ou super-mulheres; que eu saiba, esses ainda só existem na ficção.
Os que por ora se fabricam, podem ter muito amor à profissão, mas são como toda a gente, seres vulneráveis a maus-tratos psicológicos e físicos, seres que precisam de pagar as suas contas, bem como de se sentirem serenos e apreciados para manterem o entusiasmo.
Mas acho que é preciso passar um certo tempo na pele de professor mal-tratado (pelo sistema, pelos alunos, pela sociedade) para as pessoas se aperceberem de que eles são seres humanos como todos os outros.
O tempo é uma coisa lixada, mas acreditem que a falta dele é muito pior.
Bjinhos, pessoal- tenho sôdades.
se o professor se sente menos inspirado para o ensino porque está longe de casa, porque tem dificuldades economicas, entao temos ke mudar isso, porke o k todos queremos é professores inspirados, com garra, nao tristes.
Mas atenção que nao queremos só isto para os professores, queremos para todos, se um trolha nao está inspirado a casa vai meter humidade, a familia vai sentir-se deprimida, o ambiente vai esmorecer, os alunos vao para a escola deprimidos e o professor vai ser mal tratado, etc.
Há muitos professores mestres sim, e é preciso mais.
Ponha muitas outras nisso, Mag. Sabe, é que O nosso querido Privada é um jovem muito galhofeiro e de vez em quando lembra-se de mandar umas graçolas. Mas depois diz, pronto, eu calo-me e fica tudo bem.
Amore mio, essa de comparar a missão dos professores à dos trolhas, foi-te muito infeliz, pá! Todas as profissões têm a sua dignidade, todos nós os que têm um pouco mais ou menos de meio palmo de testa, o sabem. Mas, caramba colocar tijolo sobre tijolo e assentar massa não é bem a mesma coisa que construir erudição e sapiência, erigir cultura e ciência, formar adolescentes em bruto e transformá-los em homens e mulheres lapidados da melhor excelência. Valha-te Deus, homem, há para aí qualquer coisa que não bate bem. Tiveste algum treco-treco com o professorado, pá? Me conta lá, vai.
Não, estou contente com os professores que tive, os professores é que parecem descontentes com a sua missão.
Alias, como é que alguem da minha geração pode estar contra os professores, passamos no minimo 17 anos da nossa vida com eles, nenhuma relação dura tanto na nossa era, como a que mantemos com os professores.
É triste, que nós recordemos tão bons momentos do ensino e os professores estejam tão tristes, tão deprimidos, tão desiludidos, que parecem já não gostar da escola, enquanto nós temos saudades dela e a cada passo, seja por yoga, choteiros, mestrados, seja lá o que for, regressamos ao ensino, que já não tem gosto de ensinar?
(- Habitação, trabalho e educação. Porque? Porque é obvio que se a casa apresenta defeitos e está mal construida, o trolha estava deprimido e descontente com o seu trabalho. Os que vivem na casa sofrem as consequencias, e o mau ambiente propaga-se até às escolas, depois no trabalho e sempre assim.)
Privada, será possível que não tens nem um professor no teu círculo de amigos? Eu sei que ver na televisão é uma coisa, mas talvez um relato de uma aula e depois outra e outra te possa abir um pouco os olhos. Isto é apenas a parte pedagógica que depois temos a parte da burocracia administrativa. Os nossos professores não penaram um cagagésimo daquilo que os professores actuais têm que penar. Olha, não vou por aqui e nem por ali, que tenho é que trabalhar, para ter bom ambiente e ser feliz e produtiva e mestre e por aí fora.
Tenho, mas o que queres dizer com isso, que as dificuldades tanto do sistema como da nova geração, lhes retiraram o gosto pelo ensino e a vontade de serem mestre da geração que nos sucede, que estão desmotivados porque as crianças são mal educadas, e nunca chegarão a mestres, nem sequer tem já vontade disso?
Se pensas isso, discordo, um professor nunca perde a motivação! Se as condições de trabalho são más, concordo, serão, mas não é exclusivo, acontece em todas as profissões, ao menos os professores podem deixar sementes de mudança e alegrar-se por isso.
Caramba, homem! Um professor é um homem, como qualquer outro e não um robot desprovido de sentimentos. O simples facto de ter escolhido ser professor não lhe garante, sob qualquer custo a manutenção perpétua da motivação. O meio exterior influencia de forma colossal a motivação que bem sabemos se trata de uma força interior mas que se modifica a cada segundo de vida. Não se trata de as crianças serem mal-educadas, as crianças, não todas mas grande parte, são intratáveis e, pior que elas, são-no os seus pais. Não fazes a mínima da pouca-vergonha que vai no ensino. Não podes fazer. Nem tão pouco imaginas o sofrimento desses profissionais que não conseguem realizar-se cumprindo a sua missão, a de educar e formar.
Ora Blimunda, nao pode ser, se assim fosse não haveria hoje um unico policia disposto a zelar pela tua segurança, limitavam-se a deixar andar, já que são sujeitos a um sistema que os humilha, que os obriga a viver longe da familia em barracões que nem nas obras são permitidos, e como eles, os medicos fora das suas cidades, a trabalhar noites a fio, em hospitais medonhos, em contentores, a descansar em camas de urgencia; os gestores humilhados perante o sistema financeiro completamente estupido , a trabalharem para empresarios analfabetos e a lista, minha querida Blimunda, não terminava.
Os professores podem não ter as melhores condições, mas a motivação está lá, tem que estar, de outra forma resta-lhe mudar de profissão, não vale a pena continuar a ensinar, isso teria danos gravissimos. Tenho a convicção que ao entrarem na sala de aula, esquecem tudo isso, e vivem do olhar curioso das crianças e dos jovens... Posso estar enganado, espero nao estar, seria uma tragedia.
as crianças, não todas mas grande parte, são intratáveis e, pior que elas, são-no os seus pais.
Nao partilho dessa visão tragica, acho que os Homens do futuro são , eh pá, N superiores a nós, e isso deve-se em grande medida ao trabalho dos professores, que já começa na pre-escola, se é porque eles estão desmotivados, não sei, mas as crianças são melhores k nós fomos, sem duvida.
Privada, tão jovem e cheio de sonhos. Como me enternece!
O problema, Privada, é sermos humanos, nós e eles, humanos a viver tempos tramados, por muito que tenhamos a maior abundância de meios que alguma vez tivemos. Conheço várias pessoas que contam histórias na primeira pessoa, de tempos em que os professores estavam longe de casa, e as condições materiais eram pobres ou paupérrimas comparando com as de hoje, e dar aulas era um prazer, mesmo com turmas de várias dezenas de crianças ou adolescentes. Eu também acho que as crianças são o melhor do mundo, e os adolescentes também, mas são material em bruto que é preciso moldar. E actualmente são moldados por uma sociedade facilitista e arrogante que os faz preguiçosos, egoístas e sem noção do que é respeito pelos professores e funcionários. E isso é tão mau para os professores, que, concordo não conseguem ser super-homens/mulheres, nem com as melhores condições materiais, como para eles que um dia vão pagar a factura de uma formação deficiente, que não os prepara para a vida em muitos aspectos.
O ensino, como muitos sectores da sociedade, está a sofrer com erros acumulados, muitos em questões básicas que raramente são questionadas, e por isso é preciso muito mais do que motivação e condições materiais para mudar a situação. Pois, e isto dava pano para mangas, e é o meu ponto de vista, claro.
A Teresa chegou perto do problema fulcral, mas muito haveria a discutir sobre este assunto, que não deve ser tido como coisa leve e como tem sido comentado neste post. Mas, a sério, não tenho tempo nem me apetece chover no molhado. Resta-me apenas dizer que, no meu humilde ponto de vista, todo o sucesso humano depende da Educação. Esta deveria ser, sem a menor hesitação, a prioridade das prioridades de qualquer governo sério ou menos sério. Da educação depende todo o resto, desde a Saúde, Economia, Financias, Gestão Empresarial, Ciências, Segurança Social e todas as vertentes da vida em sociedade. Formem e eduquem bem um povo e terão um povo feliz. Mais cedo ou mais tarde, sempre acabaremos por ser aquilo que os outros julgam que somos.
Obrigado Teresa e Blimunda ke finalmente moderou a analise, é estranho acusar toda uma geração de pais e crianças, e fingir ke os professores nao viveram nesta sociedade e nao comentem erros de educação aprendida, só os outros eles, eh pá nem viveram cá. Se somos humanos tbm o somos para errar. De parte a parte tem de existir bom senso , e sempre motivação, se nao a há, deve-se procurar outro caminho. A educação de antigamente motivou mt gente, da minha geração 1 em cada 5 deu professor, não vamos agora deitar por terra esse valor, é bom educar, é bom ser educado, não há profissão mais importante e nobre.
Ora nem mais, amigo! E é, exactamente, por não haver profissão mais importante e nobre e por ela ser tida como a mais reles e a mais descurada por quem de direito é que se tem vindo a verificar todos os problemas actuais com a Educação.
Enviar um comentário